Postagem do Portfólio de Aprendizagem:
“Estou bastante motivada com o meu plano de estudos. Adorei a experiência de alfabetizar e sinto necessidade de pesquisar mais o assunto a fim de quando retornar à sala de aula, regressar muito bem preparada. Já iniciei as leituras e me surpreendi ao descobrir que Emília Ferreiro esteve em Porto Alegre em 2001. Que fantástico! Já descobri também um site paulista referente a uma capacitação desse tema: http://cenp.edunet.sp.gov.br/letravida/#
Escolhi outra temática, mas estou tendo um pouco de dificuldades em encontrar exatamente meu objeto de estudos desta temática: interpretação do desenho infantil.
Já li bastante resenhas e reportagens referentes à gradativa evolução do desenho infantil. Descobri que inicialmente, visto que somente considerava-se o aspecto estético, haviam estudos sobre os erros e imperfeições do desenho infantil.É no final do século XIX, após as descobertas de Jean Jacques Rousseau sobre a forma singular da criança pensar que iniciam os primeiros estudos sobre as fases do desenho infantil. Estou descobrindo as teorias de Luquet, Marthe Berson e relendo Piaget. Mas além do imprescindível teor científico sobre o desenvolvimento, desejo encontrar no desenho mais um mecanismo para conhecer meu aluno, compreender a realidade dele, mas principalmente, utilizar como um sinalizador para perceber como as coisas na vida dele estão.”
O desenho é uma linguagem, um prazer de deixar sua marca, uma visão de mundo, percepção da realidade.
Viktor Lowerfeld nomeia os primeiros traços da criança, que ao primeiro ano de vida mantém movimentos ritmados e deleita-se com esse prazer, compreendendo-o como mera ação sobre uma superfício, de garatuja.
Então a criança começa a desenhar símbolos simples e passa a perceber a regularidade dos desenhos ao seu redor, sofrendo a influência dos mesmos (olha o vício da padronização do coração, casa, sol e árvore!).
Primeiro ela entende que o desenho serve para ela expressar o que sabe, depois o mundo que ela vê.
Então, usando percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade passa a exprimir o que a rodeia.
Inicialmente no processo de alfabetização, é usado para imitar a escrita: daí a integração dos meus temas de estudo.
Encontrei diversas visões para o desevolvimento do desenho infantil, o que achei válido:
Luquet divide em 4 estágios:
1 – realismo fortuito – por volta de 2 anos, fim ao rabisco e início de traços sem desejo de representação.
2 – realismo fracassado – 3 e 4 anos. Descobre a identidade de forma e objeto, procura reproduzir formas.
3 – realismo intelectual – 4 aos 10-12 anos. Desenha o que sabe, não o que vê.
4 – realismo visual - 12 anos. Descoberta da perspectiva e submissão as suas leis. Empobrecimento do grafismo e proximidade das produções adultas.
Marthe Berson distingue três estágios do rabisco:
1. Estagio vegetativo motor: por volta dos 18 meses, o traçado é mais ou menos arredondado, conexo ou alongado e o lápis não sai da folha formando turbilhões.
2. Estagio representativo: entre dois e 3 anos, caracteriza-se pelo aparecimento de formas isoladas, a criança passa do traço contínuo para o traço descontínuo.
3. Estagio comunicativo: começa entre 3 e 4 anos, se traduz por uma vontade de escrever e de comunicar-se com outros. Traçado em forma de dentes de serra, que procura reproduzir a escrita dos adultos.
Lowenfeld:
Primeira fase – garatuja desordenada (segura lápis de qualquer jeito e nem olha o que faz) , garatuja ordenada ( descobre relação gesto-traço) e garatuja nomeada (passa a representar simbolicamente).
Segunda fase – os movimentos evoluem para formas reconhecíveis e a criança desenha o que sabe, não o que vê.
Terceira fase – analogia entre a forma do objeto e representação.
Mirian C. Martins, Gisapicosque e Maria T.T. Guerra, fundamentadas na teoria das múltiplas inteligências
Primeiro movimento - Ação = Pesquisa = Exercício
O corpo é a ação, é o movimento. A criança sente, reconhece e cria, mas ainda não é um criador intencional, apesar de não temer experenciar. O rabisco não tem finalidade estética ou significado. É o movimento do corpo que importa e seu poder sobre ele. Dos rabiscos, surgem formas que cada vez ficam mais complexas.
Segundo movimento - Ação = Pesquisa = Exercício = Interação = Símbolo
Descobre que tudo no mundo tem nome e passa a nomear seus rabiscos. Não há uma organização espacial. Partes do objeto podem aparecer separadas ou o desenho pode lembrar ou parecer o que pretendeu representar.
Terceiro movimento - Ação = Pesquisa = Exercício = Interação = Símbolo = Organização = Regra
Elabora soluções criativas para expressar o que pretende, buscando semelhanças. Aparece o chão, uso excessivo da borracha devido à preocupação e o medo ao representar bem. A escolha da cor passa a ser importante.
Quarto movimento - Ação = Pesquisa = Exercício = Interação = Símbolo = Organização = Regra = Poética = Pessoal
“Na produção artística–estética, contracenam, em oposição ou em alternância, o prazer de manejar e explorar, a ótica pessoal de ver – pensar – sentir o mundo, a procura de um estilo pessoal, mesclando estratégias pessoais com gramáticas culturais, construindo sua poética; ou o medo de se expor, a preferência pela repetição de formas conquistadas, a busca de modelos, o sentimento de incompetência, a obediência ou abandono de tarefas sem significado.”
Quanto a preferências, crianças menores de 6 anos preferem desenhar a figura humana. As meninas optam por crianças (fitas nos cabelos, bolsas) e os meninos por adultos (calças compridas, chapéu). De 6 a 12 anos, desenham mais casas. A partir dos 13 anos, meninas desenham casas e meninos a figura humana. Nos desenhos as meninas mostram preferências por coisas domésticas (mesa, toalha, xícaras) e os meninos por objetos mecânicos (carros, revolveres).
Nos desenhos infantis são quase inexistentes representações da natureza, aparecendo mais temas referentes à vida social (casas, carros, objetos diversos).
Quando a criança é bem nova representa a figura humana toda de frente. A primeira parte a ser desenhada de lado são os pés. Então, surge uma tentativa de fazer a cabeçla de perfil, desenhando o nariz de lado, apesar de muitas vezes a boca estar de frente e aparecerem as duas orelhas.
Embora a nomenclatura seja variada, percebe-se que os autores não se contradizem quanto à definição do desenvolvimento do processo de formação de desenho.
Visto que o mesmo retrata a visão de mundo da criança, é uma ótima ferramenta para compreendê-lo e diagnosticar seus saberes. Através dele podemos perceber interesses, anseios, preferências, conflitos e até avaliar fases de desenvolvimento e inteligência.
No entanto, analisá-lo fora do contexto em que foi criado perde seu valor.
E o papel do professor neste processo é o de motivador. Crianças motivadas e com estima elevada tem menos medo de experenciar, experenciam mais e consequentemente, constroem mais aprendizagens.
Quanto ao estudo sobre métodos de alfabetização, minha proposição é rever as metodologias, então, mãos-a-obra:
Soletração – ensinar a combinação de letra e som. Associação de estímulos visuais e auditivos.
Silabação – apresentação inicial das vogais, seguida das famílias silábicas.
Métodos fônicos – ensinar o aluno a produzir oralmente os sons das letras e uni-los.
Método Abelhinha – apresentação de histórias com personagens associados a letras e sons.
A casinha feliz – apresentação das letras como personagens de histórias. Uso de fantoches simbolizando as letras.
Método de contos – apresentação de história completa, desemembramento em frases para pré-leitura, reconhecimento de palavras.
Método ideovisual de Decroly – Apresentação de frases para reconhecimento da forma, desenho e imagem. Distinção de palavras por semelhança e diferença, após sílabas e letras.
Método Natural Freinet – produção de texto livre, eleição de um para reprodução e estudo do mesmo.
Metodologia Psicolingüística – parte-se do conhecimento que a criança tem da língua oral e valoriza-se a produção oral da mesma na escolha da produção escrita.
Etapas de uma unidade – criação de unidade de estudo, seleção de frases e palavras-chave, escrita das mesmas no quadro, leitura natural das mesmas, análise das frases, reconhecimento de palavras, análise de semelhanças e diferenças, formação de palavras novas e produção oral e escrita.
Palavras-chave – destaque de palavras-chave de frase ou texto e uso das mesmas para o ensino das primeiras letras. Desembramento das palavras destacadas e uso de suas sílabas para a formação de novas.
Método Paulo Freire – uso de palavras geradoras escolhidas do universo adulto para construção de palavras novas.
Para encerrar tomo as palavras de Emília Ferreiro “"Uma das coisas que sabemos hoje em dia com a maior clareza é que a correção ortográfica fora de tempo pode inibir a língua escrita. Eu não estou dizendo que a escola deva ignorar o erro ortográfico, apenas que deve saber qual o momento certo para fazê-lo, sem criar inibições. Porque eu me nego a chamar de alfabetizada uma criança que produz apenas estereótipos, ainda que seu texto não tenha erros ortográficos".
domingo, 6 de julho de 2008
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