segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Educação de Jovens e Adultos



Pensar a educação de jovens e adultos no Brasil, de certa forma é perceber um investimento que vem atender um débito nacional com a educação de milhares de pessoas que estiveram a serviço do país, dedicando-se exclusivamente à vida profissional em troca de modesta sobrevivência.

Mas também e acima de tudo, um investimento na capacitação profissional de milhares de brasileiros que não se encaixam facilmente no mercado de trabalho, que com a industrialização e modernização em larga escala, necessitam de permanente capacitação. Se bem que é bom termos uma visão romantizada da política e acreditar no compromisso do bem comum, do bem estar e do investimento mero e exclusivo no ser humano sem segundas intenções.

A Educação de Jovens e Adultos no Brasil passou por um série de processos e inaugurou diversos projetos políticos. Inicialmente, houve um grande investimento na alfabetização destas pessoas e não percebia-se um compromisso em buscar para as mesmas a continuidade de estudos de acordo com a sua realidade. Trabalhando no Setor de EJA da 2ª CRE, conver´sávamos muito sobre essa nossa preocupação e o pior no aumento do número de cursos e livreiros que agiam de má fé, explorando diversas pessoas. Deixe-me me explicar. Aparece um livreiro em uma fábrica fazendo uma propaganda formidável de um livro com todos os conteúdos, que garantiria a inscrição gratuita numa prova (ele mesmo faria) e os funcionários só teriam que ir a São Leopoldo realizá-las para garantir o Diploma de Ensino Fundamental/ Ensino Médio. Bem, eles não diziam que a prova era realizada pelo governo, que não havia garantia de aprovação, que a prova era realizada anualmente e havia aproveitamento das disciplinas aprovadas e o mais importante, que era gratuita e realizável com ou sem aquisição do livro.

Mas havia coisa pior: cursos preparatórios. Eles não deixavam claro o suficiente que não era necessário a pessoa cursar o preparatório deles para inscrever-se. Aliás, eles diziam que eram eles que certificavam. Eles. Olha o absurdo! "No final do curso você faz a prova e nós damos o certificado a você".

Mas também vivenciei evoluções na EJA. De provas compradas e totalmente fora da realidade, no último ano que trabalhei neste setor foi formada uma junta de educadores do estado do Rio Grande do Sul que doram responsáveis pela elaboração de questões contextualizadas para a compoisção da prova. Foi um ato inovador e produtivo.

O estado que pouco investe na capacitação de seus profissionais proporcionava em São Leopoldo para os quase 200 municípios que pertenciam àquela coordenadoria capacitação profissional com as pessoas mais graduadas da área. Era muito motivador! Também supervisionávamos escolas de eja que estavam devidamente credenciadas. Foi uma grande aprendizagem trabalhar neste setor.

Aí, já em Sapiranga, conheci o Programa Integrar, filiado á CUT, que abordando temas diretamente voltados à vida das pessoas, proporcionava uma formidável formação.

Sapiranga inovou criando o seu próprio material e método e lançando neste ano a sua primeira turma do Intensivo...será uma grande formatura!

Fechando e voltando aos conhecimentos propiciados na interdisciplina, a EJA, como consta no parecer e conforme minhas crenças, deve considerar os conhecimentos do educando, valorizar sua capcitação profissional e acima de tudo, promover a qualificação de suas potencialidades, o aprimoramento de seus conhecimentos, desenvolvimento de habilidades, o conhecimento de novas profissões ou áreas de trabalho, a universalização do conhecimento e o despertar da cidadania.

O maior compromisso da EJA acredito que seja elevar as pessoas a um patamar comum de convivência social, resgatando a auto-estima e inserindo de maneira justa diversas pessoas que por anos viveram à parte na nossa sociedade, se sentindo desprovidas de direitos e de participação na política e na definição dos rumos do país.

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