domingo, 20 de abril de 2008

Estudos de classificação e seriação

CLASSIFICAÇÃO E SERIAÇÃO






Na visão de Piaget, o desenvolvimento cognitivo dá-se a partir da interação do sujeito com o conhecimento. Além disso, cada criança que aprender algo, organizará a aprendizagem do seu jeito, considerando aprendizagens anteriores. Ela precisa vivenciar, precisa de tempo para assimilar o que vivenciou.
Já para Vygotsky, a inteligência surge a partir do encontro da prática com a palavra. Para aprender a criança precisa dar um signo à aprendizagem, falar sobre ela, para amadurecer através de reflexões e troca, suas aprendizagens.
Eis um ponto inicial de reflexão sobre atividades sobre classificação e seriação.
E falando disso, o que se entende de classificar e seriar?
Classificar é agrupar considerando semelhanças de objetos
Seriar é ordenar a partir da análise das diferenças dos objetos.
Bem, realizando as minhas leituras dei-me por conta da existência da seriação visual (onde apenas olhando a criança reconhece as diferenças) e da seriação tátil (onde ela necessita tocar o objeto para perceber as diferenças).
Retomando as leituras sobre as fases de desenvolvimento cognitivo de Piaget, percebi que o resultado de um dos testes com crianças do segundo estágio (pré-operacional, de 2 a 6 anos) evidenciou que crianças pequenas não são capazes de lidar com problemas de ordenação ou de seriação, sendo incapazes de dispor varas de diferentes tamanhos em ordem crescente. Teoria que constatei durante o curso do Magistério com diversos testes. É no estágio operatório-concreto (de 7 a 12 anos) que a crinça torna-se capaz de realizar essas atividades.
No site http://penta2.ufrgs.br/edu/debora/seriacao.htm, menciona-se o fato de que a seriação já está presente na vida da criança desde o período sensório-motor, quando o bebê começa a brincar com torres e encaixes No mesmo site encontra-se a rica classificação disposta a seguir:
“A criança ao alinhar os objetos evidencia um processo de evolução da seriação, a saber:

FASE IA - não há nenhum ensaio de ordenação dos elementos (+ - 4 anos);

FASE IB - inicia a realizar pequenas séries incoordenadas dos elementos (+ - 5 anos);

FASE II- êxito na intercalação dos elementos, por tentativas (+ - 6 anos);

FASE III - êxito através da utilização do método sistemático- seriação operacional (+ - 7/8 anos).”

Já da classificação a criança começa a apropriar-se à medida que doina a fala, quando vai conhecendo os objetos, processo que não é simples. Minha filha de 2 anos chama tudo que tem quatro patas de “au au”. Após ver um passarinho, passou a chamar as aves de “piu piu”. Um dia, vendo um lagarto ela gritava “piu piu au au”. Risos. Mas ela soube clssificar e percebeu que aquele bicho não tinha semelhança com os outros e deveria por isso ter um nome diferente.

Concordando com a idéia de Zoltan Paul Dienes, gosto de deixar as crianças manusearem e brincarem livremente com os brinquedos para somente depois inlcuir regras. Utilizar blocos lógicos sob regras sem deixar as crianças antes explorarem, brincarem e descobrirem estas peças, não seria boa idéia.

Para concluir gostaria de registrar o interesse em conhecer o software "Fábrica Fantástica" e encerrar com uma citação extraída das Diretrizes da Educação Matemática das escolas públicas do Paraná "Embora ninguém tenha a obrigação de gostar de Matemática, nem de querer, todos têm o direito a uma educação matemática que lhes permita trabalhar em profissões que fazem uso intensivo de Matemática, assim como têm direito a uma educação matemática que lhes permita serem autores em sua vida social, e não apenas atores ou espectadores.”


Sites sugeridos e muito bons!

1. Etapas da seriação:

http://penta2.ufrgs.br/edu/debora/seriacao.htm


2. Conceitos matemáticos:

http://72.14.205.104/search?q=cache:g2GQoMK9Ux4J:www.cidadedoconhecimento.org.br/cidadedoconhecimento/index.php%3Fportal%3D480%26con%3Dp+classifica%C3%A7%C3%A3o+e+seria%C3%A7%C3%A3o&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1&gl=br


3. Reflexão sobre Educação Matemática e criação das Diretrizes para o Ensino desta Disciplina no Estado do Paraná:

http://72.14.205.104/search?q=cache:YDqN8KtN_FwJ:www8.pr.gov.br/portals/portal/diretrizes/dir_ef_matematica.pdf+classifica%C3%A7%C3%A3o+e+seria%C3%A7%C3%A3o&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=8&gl=br


4. Mini-dicionário de Matemática elementar:


http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/fundam/diciomat/diciomat.htm


5. Construção de critérios de classificação pelas crianças (Excelente!):


http://www.veronicaweb.com.br/download/textoCLASSIF.pdf


6. Matemática na Educação Infantil:

http://72.14.205.104/search?q=cache:mivwG5cAgjwJ:www.icpg.com.br/hp/revista/download.exec.php%3Frpa_chave%3D0291cd6d726e8b4adbd6+classifica%C3%A7%C3%A3o+e+seria%C3%A7%C3%A3o&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=25&gl=br

Repensando o ensino de Ciências a partir de novas histórias da ciência

Recortes da leitura de
Repensando o ensino de Ciências a partir de novas histórias da ciência
Russel Teresinha Dutra da Rosa

Podemos procurar, na história, representações alternativas às explicações científicas válidas atualmente e, assim, tomarmo-nos atentos para formas alternativas de pensamento de nossos alunos
teorias
científicas também permite aos professores e aos estudantes manipular alguns dos
instrumentos do processo de produção de conhecimentos, tais como: construir
problemas de investigação; criar explicações hipotéticas; testar essas hipóteses;
buscar informações adicionais através de consulta a fontes bibliográficas; situar-se
em relação às novas informações; fazer previsões; criar situações experimentais;
observar regularidades e discrepâncias; descrever fenômenos naturais; comparar os
dados observados com os dados da literatura; coordenar conceitos de diferentes
disciplinas; integrar diferentes informações; escolher critérios de classificação;
tomar decisões; justificar; construir relações entre fatos, fenômenos e leituras;
construir ou completar modelos e esquemas explicativos; emitir opiniões;
confrontar-se com outras opiniões; divulgar conhecimentos; encontrar argumentos
para defender as próprias ideias; aplicar os novos conhecimentos a situações ou a
problemas novos, etc...
A descrição do tempo, do espaço e das condições político-sociais, em que
aparecem determinadas explicações científicas, nos permite não só entender com
maior profundidade a lógica daquelas visões de mundo, mas também refletir
sobre as condições sociais de produção das teorias contemporâneas. Por exemplo,
quando pensamos no sistema de classificação da natureza em reinos e classes, ainda
hoje válido, e nos reportamos para o período histórico de constituição dessa visão
de natureza, nos damos conta de que as sociedades estavam circunscritas e
separadas em reinos e classes sociais, serviam aos reinos e não podiam
abandonar seus reinos e classes de origem.
A história está repleta de
alternativas que não chegaram a se concretizar e que podem nos fazer repensar a
repetição de nosso presente (Santos, 1996).
Nesse sentido, é bom lembrar o que diz a historiadora da ciência Donna Haraway
(1995: 125): "Os fatos estão carregados de teoria e os valores estão carregados de
história." Essa pesquisadora, a partir de uma abordagem feminista e pósestruturalista,
fala de uma "produção científica fictícia da realidade", (p. 123),
demonstrando o caráter sexista e a separação hierárquica existente entre sujeito e
objeto de conhecimento no processo de produção de verdades científicas.
Face ao exposto, pensamos que algumas novas formas de contar a história da
ciência podem orientar a constituição de alternativas pedagógicas que tratem a
ciência como processo descontínuo de construção de conhecimentos e de verdades
sempre provisórias. Além disso, a uma visão de neutralidade e de verdade absoluta
da ciência, podemos contrapor uma visão de ciência como prática social, feita de
verdades provisórias, validadas pela comunidade científica e legitimadas por
segmentos interessados da sociedade. Assim, podemos desconstruir universalismos
e demonstrar a parcialidade dos conhecimentos produzidos em nossas sociedades.

(Tele)natureza e a construção do natural: um olhar sobre imagens de natureza na publicidade. Marise Basso Amaral

Já que o Blog é meu, não me conformarei se não postar recortes do que li e achei fantástico!

(Tele)natureza e a construção do natural: um olhar sobre imagens de natureza na publicidade. Marise Basso Amaral

Enquanto alguns consomem o mundo e dividem
sentimentos e experiências sem sair de casa, muitos transformam espaços urbanos
(praças, pontes, rodoviárias, edifícios abandonados, igrejas) em moradias provisórias
de papelão e madeira e morrem, na era do ciberspace, das cirurgias virtuais, dos
bebés de proveta, dos organismos transgênicos e dos clones, por falta de saneamento
básico.
Assim, a maneira como as coisas, os assuntos e os sujeitos são representados
e o modo como os mecanismos de representação atuam dentro de uma cultura,
acabam tendo um papel constitutivo, e não apenas reflexivo, na formação da
subjetividade, da identidade e da constituição da vida social e política
. O campo pedagógico extrapola os muros das
instituições formais de escolarização e passa a ser habitado por uma variedade de
instâncias culturais que produzem conhecimento, que moldam comportamentos,
que regulam identidades (de classe, de género, de raça).
novas políticas de dominação se estruturam? Que lugares de resistência se
apresentam? Estas perguntas remetem para o próprio redimensionamento do que
entendemos por cultura e por natureza. Acredito que um aprofundamento das
ideias de natureza, construídas pela cultura, auxiliariam na complexificação do
entendimento dos novos fenómenos que têm redefinido e reorganizado as representações
de natureza e cultura.
É importante, então, que os educadores dediquem atenção às políticas de
representação de natureza engendradas pelos meios de comunicação. A crise
ambiental em que estamos envolvidos não requer apenas soluções técnicas ou
epistemológicas, requer também o reconhecimento de que a construção de um
novo olhar e uma nova atitude em relação à natureza passa pela
discussão/desconstrução das representações hegemônicas de natureza construídas
em diferentes instâncias culturais, como a escola e a mídia, que continuam a nos
oferecer uma natureza objeto, uma natureza sujeita à exploração e dominação
humana em nome do desenvolvimento tecnológico e cultural de uma sociedade.
Assim, entender os processos de produção de representações de natureza, de
mulher, de negro, de trabalho , etc., como locais de disputa política, que envolvem
relações desiguais de poder, se torna importante para uma prática pedagógica crítica,
consciente dos seus limites e de suas possibilidades.

Ponderações Módulo 1 - Ciências



Carl Warner...fotos de paisagens a partir de alimentos...
...a naturalização do que comemos.

Como no momento não estou em sala de aula, resolvi buscar uma alternativa de tornar essa atividade interessante e divertida. Submeti pessoas de diversas idades, ao teste do desenho de representação.
Como já era de se esperar, por unanimidade, o mais difícil de representar foi o ácido, o átomo e o micróbio, por serem menos usuais e de certa forma “presentes”.
Observei desenhos de homens de 18 a 47 anos e de mulheres de 16 a 60 anos e a maioria representou a palavra “força” considerando a física, através de um desenho de um braço musculoso (cultura da masculinidade dominadora e potente). A palavra luz foi representada pela maioria utlizando o sol ( a estrela da vida). Quanto à árvore e coração, todos utilizaram a imagem culturalmente disseminada deles. Por unanimidade as estradas foram desenhadas vazias (sem pessoas, animais, árvores ou carros) e eram de pavimentação asfáltica, sugerindo o progresso. Curiosamente, todas eram subidas inclinadas para a direita. As células também ganharam a tradicional representação, tendo sido feitas como “um ovo frito”.
Fiquei impressionada a observar que diferentes faixas etárias, separadas por décadas, representaram da mesma forma palavras-chave. Após a leitura das bibliografias sugeridas, então, fiquei mais impressionada ainda.
Assisti numa oportunidade um filme político chamado “Mera coincidência”, onde num estúdio eram geradas imagens de uma guerra civil ilusória, para servir de campanha publicitária de um candidato a reeleição à presidência dos Estados Unidos. Sabemos que somos, mas não temos consciência do quanto somos manipulados pela mídia.
Há verdades absolutas tão intrinsecas em nosso dia-a-dia que passam despercebidas de nossa consciência. Que verdades, que cultura, que conhecimentos são esses que levam gerações de décadas diferentes a representarem pensamentos da mesma forma? Eu nunca questionei ou me dei por conta de que os reinos e classes nos reportem a uma formação de sociedade praticamente monárquica.
Sem perceber, ensinamos o fomentamos a dominação. A luz o que é? É o REI Sol.
Analisar os desenhos em conjunto, discutir o que representam, comparar as similaridades e diferenças, questionar o porquê daquela representação é um ponto de partida para um longo projeto. A partir das visões, debates e interpretações, pode-se iniciar um estudo sobre o mundo natural e a sociedade atual. Essa nossa visão deixou-me bastante motivada em iniciar um trabalho com essa área, que confesso, nunca havia explorado dessa forma.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Avaliação do Eixo III


Existem aprendizagens que vocês só se deram conta durante essas duas etapas finais da avaliação? Quais foram essas aprendizagens?

Confesso que é muito chato gerar esses relatórios! Detesto. Dá um desespero...mas eles são imprescindíveis. Através deles repenso cada aprendizagem e percebo que retornarei à sala de aula com um prática muito mais qualificada e contundente. Até porque eles me servem como uma síntese de aprendizagem, que volto a ler.
Se não fossem eles, muito se perderia no processo. Repensar nossa prática, sermos forçados a apontar mudanças resulta em maior crescimento, firmeza de aprendizagens e consciência das assimilações.
Bem, mas a pauta não é essa.
Como escrevi acima, reforcei aprendizagens, mas confesso que na elaboração e preparação da apresentação oral não aprendi coisas novas. Repensei, voltei a refletir e reafirmei aprendizagens geradas e já registradas em meu portfólio.
Mas, aprendi coisas novas (e muitas!) ao assistir as apresentações das colegas e as intervenções dos professores.
A fala de uma colega (a Jéssica) não sai da minha mente. Ela, formada em Belas Artes, rebateu um pensamento antigo meu, de que seria fundamental antes da graduação todo educador cursar magistério para aprender a integrar conhecimentos, o que quem cursou esse Ensino Médio faz com facilidade. Inclusive me fez repensar a minha prática e a apresentação que eu tinha acabado de fazer. Ela disse que a gente fala tanto em interdisciplinariedade, que às vezes esquece que cada matéria tem conhecimentos específicos e acaba usando uma disciplina como ferramenta para a apendizagem de outras matérias. Eu fazia isso com Educação Artística.
Também tive acesso a projetos e atividades desenvolvidas pelas colegas com suas turmas, que me servirão como sugestão para a posteridade. A troca me foi muto mais válida que a minha reflexão solitária...