domingo, 20 de abril de 2008

Repensando o ensino de Ciências a partir de novas histórias da ciência

Recortes da leitura de
Repensando o ensino de Ciências a partir de novas histórias da ciência
Russel Teresinha Dutra da Rosa

Podemos procurar, na história, representações alternativas às explicações científicas válidas atualmente e, assim, tomarmo-nos atentos para formas alternativas de pensamento de nossos alunos
teorias
científicas também permite aos professores e aos estudantes manipular alguns dos
instrumentos do processo de produção de conhecimentos, tais como: construir
problemas de investigação; criar explicações hipotéticas; testar essas hipóteses;
buscar informações adicionais através de consulta a fontes bibliográficas; situar-se
em relação às novas informações; fazer previsões; criar situações experimentais;
observar regularidades e discrepâncias; descrever fenômenos naturais; comparar os
dados observados com os dados da literatura; coordenar conceitos de diferentes
disciplinas; integrar diferentes informações; escolher critérios de classificação;
tomar decisões; justificar; construir relações entre fatos, fenômenos e leituras;
construir ou completar modelos e esquemas explicativos; emitir opiniões;
confrontar-se com outras opiniões; divulgar conhecimentos; encontrar argumentos
para defender as próprias ideias; aplicar os novos conhecimentos a situações ou a
problemas novos, etc...
A descrição do tempo, do espaço e das condições político-sociais, em que
aparecem determinadas explicações científicas, nos permite não só entender com
maior profundidade a lógica daquelas visões de mundo, mas também refletir
sobre as condições sociais de produção das teorias contemporâneas. Por exemplo,
quando pensamos no sistema de classificação da natureza em reinos e classes, ainda
hoje válido, e nos reportamos para o período histórico de constituição dessa visão
de natureza, nos damos conta de que as sociedades estavam circunscritas e
separadas em reinos e classes sociais, serviam aos reinos e não podiam
abandonar seus reinos e classes de origem.
A história está repleta de
alternativas que não chegaram a se concretizar e que podem nos fazer repensar a
repetição de nosso presente (Santos, 1996).
Nesse sentido, é bom lembrar o que diz a historiadora da ciência Donna Haraway
(1995: 125): "Os fatos estão carregados de teoria e os valores estão carregados de
história." Essa pesquisadora, a partir de uma abordagem feminista e pósestruturalista,
fala de uma "produção científica fictícia da realidade", (p. 123),
demonstrando o caráter sexista e a separação hierárquica existente entre sujeito e
objeto de conhecimento no processo de produção de verdades científicas.
Face ao exposto, pensamos que algumas novas formas de contar a história da
ciência podem orientar a constituição de alternativas pedagógicas que tratem a
ciência como processo descontínuo de construção de conhecimentos e de verdades
sempre provisórias. Além disso, a uma visão de neutralidade e de verdade absoluta
da ciência, podemos contrapor uma visão de ciência como prática social, feita de
verdades provisórias, validadas pela comunidade científica e legitimadas por
segmentos interessados da sociedade. Assim, podemos desconstruir universalismos
e demonstrar a parcialidade dos conhecimentos produzidos em nossas sociedades.

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