domingo, 20 de abril de 2008

(Tele)natureza e a construção do natural: um olhar sobre imagens de natureza na publicidade. Marise Basso Amaral

Já que o Blog é meu, não me conformarei se não postar recortes do que li e achei fantástico!

(Tele)natureza e a construção do natural: um olhar sobre imagens de natureza na publicidade. Marise Basso Amaral

Enquanto alguns consomem o mundo e dividem
sentimentos e experiências sem sair de casa, muitos transformam espaços urbanos
(praças, pontes, rodoviárias, edifícios abandonados, igrejas) em moradias provisórias
de papelão e madeira e morrem, na era do ciberspace, das cirurgias virtuais, dos
bebés de proveta, dos organismos transgênicos e dos clones, por falta de saneamento
básico.
Assim, a maneira como as coisas, os assuntos e os sujeitos são representados
e o modo como os mecanismos de representação atuam dentro de uma cultura,
acabam tendo um papel constitutivo, e não apenas reflexivo, na formação da
subjetividade, da identidade e da constituição da vida social e política
. O campo pedagógico extrapola os muros das
instituições formais de escolarização e passa a ser habitado por uma variedade de
instâncias culturais que produzem conhecimento, que moldam comportamentos,
que regulam identidades (de classe, de género, de raça).
novas políticas de dominação se estruturam? Que lugares de resistência se
apresentam? Estas perguntas remetem para o próprio redimensionamento do que
entendemos por cultura e por natureza. Acredito que um aprofundamento das
ideias de natureza, construídas pela cultura, auxiliariam na complexificação do
entendimento dos novos fenómenos que têm redefinido e reorganizado as representações
de natureza e cultura.
É importante, então, que os educadores dediquem atenção às políticas de
representação de natureza engendradas pelos meios de comunicação. A crise
ambiental em que estamos envolvidos não requer apenas soluções técnicas ou
epistemológicas, requer também o reconhecimento de que a construção de um
novo olhar e uma nova atitude em relação à natureza passa pela
discussão/desconstrução das representações hegemônicas de natureza construídas
em diferentes instâncias culturais, como a escola e a mídia, que continuam a nos
oferecer uma natureza objeto, uma natureza sujeita à exploração e dominação
humana em nome do desenvolvimento tecnológico e cultural de uma sociedade.
Assim, entender os processos de produção de representações de natureza, de
mulher, de negro, de trabalho , etc., como locais de disputa política, que envolvem
relações desiguais de poder, se torna importante para uma prática pedagógica crítica,
consciente dos seus limites e de suas possibilidades.

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