domingo, 6 de julho de 2008
Plano Individual de Estudos
“Estou bastante motivada com o meu plano de estudos. Adorei a experiência de alfabetizar e sinto necessidade de pesquisar mais o assunto a fim de quando retornar à sala de aula, regressar muito bem preparada. Já iniciei as leituras e me surpreendi ao descobrir que Emília Ferreiro esteve em Porto Alegre em 2001. Que fantástico! Já descobri também um site paulista referente a uma capacitação desse tema: http://cenp.edunet.sp.gov.br/letravida/#
Escolhi outra temática, mas estou tendo um pouco de dificuldades em encontrar exatamente meu objeto de estudos desta temática: interpretação do desenho infantil.
Já li bastante resenhas e reportagens referentes à gradativa evolução do desenho infantil. Descobri que inicialmente, visto que somente considerava-se o aspecto estético, haviam estudos sobre os erros e imperfeições do desenho infantil.É no final do século XIX, após as descobertas de Jean Jacques Rousseau sobre a forma singular da criança pensar que iniciam os primeiros estudos sobre as fases do desenho infantil. Estou descobrindo as teorias de Luquet, Marthe Berson e relendo Piaget. Mas além do imprescindível teor científico sobre o desenvolvimento, desejo encontrar no desenho mais um mecanismo para conhecer meu aluno, compreender a realidade dele, mas principalmente, utilizar como um sinalizador para perceber como as coisas na vida dele estão.”
O desenho é uma linguagem, um prazer de deixar sua marca, uma visão de mundo, percepção da realidade.
Viktor Lowerfeld nomeia os primeiros traços da criança, que ao primeiro ano de vida mantém movimentos ritmados e deleita-se com esse prazer, compreendendo-o como mera ação sobre uma superfício, de garatuja.
Então a criança começa a desenhar símbolos simples e passa a perceber a regularidade dos desenhos ao seu redor, sofrendo a influência dos mesmos (olha o vício da padronização do coração, casa, sol e árvore!).
Primeiro ela entende que o desenho serve para ela expressar o que sabe, depois o mundo que ela vê.
Então, usando percepção, imaginação, reflexão e sensibilidade passa a exprimir o que a rodeia.
Inicialmente no processo de alfabetização, é usado para imitar a escrita: daí a integração dos meus temas de estudo.
Encontrei diversas visões para o desevolvimento do desenho infantil, o que achei válido:
Luquet divide em 4 estágios:
1 – realismo fortuito – por volta de 2 anos, fim ao rabisco e início de traços sem desejo de representação.
2 – realismo fracassado – 3 e 4 anos. Descobre a identidade de forma e objeto, procura reproduzir formas.
3 – realismo intelectual – 4 aos 10-12 anos. Desenha o que sabe, não o que vê.
4 – realismo visual - 12 anos. Descoberta da perspectiva e submissão as suas leis. Empobrecimento do grafismo e proximidade das produções adultas.
Marthe Berson distingue três estágios do rabisco:
1. Estagio vegetativo motor: por volta dos 18 meses, o traçado é mais ou menos arredondado, conexo ou alongado e o lápis não sai da folha formando turbilhões.
2. Estagio representativo: entre dois e 3 anos, caracteriza-se pelo aparecimento de formas isoladas, a criança passa do traço contínuo para o traço descontínuo.
3. Estagio comunicativo: começa entre 3 e 4 anos, se traduz por uma vontade de escrever e de comunicar-se com outros. Traçado em forma de dentes de serra, que procura reproduzir a escrita dos adultos.
Lowenfeld:
Primeira fase – garatuja desordenada (segura lápis de qualquer jeito e nem olha o que faz) , garatuja ordenada ( descobre relação gesto-traço) e garatuja nomeada (passa a representar simbolicamente).
Segunda fase – os movimentos evoluem para formas reconhecíveis e a criança desenha o que sabe, não o que vê.
Terceira fase – analogia entre a forma do objeto e representação.
Mirian C. Martins, Gisapicosque e Maria T.T. Guerra, fundamentadas na teoria das múltiplas inteligências
Primeiro movimento - Ação = Pesquisa = Exercício
O corpo é a ação, é o movimento. A criança sente, reconhece e cria, mas ainda não é um criador intencional, apesar de não temer experenciar. O rabisco não tem finalidade estética ou significado. É o movimento do corpo que importa e seu poder sobre ele. Dos rabiscos, surgem formas que cada vez ficam mais complexas.
Segundo movimento - Ação = Pesquisa = Exercício = Interação = Símbolo
Descobre que tudo no mundo tem nome e passa a nomear seus rabiscos. Não há uma organização espacial. Partes do objeto podem aparecer separadas ou o desenho pode lembrar ou parecer o que pretendeu representar.
Terceiro movimento - Ação = Pesquisa = Exercício = Interação = Símbolo = Organização = Regra
Elabora soluções criativas para expressar o que pretende, buscando semelhanças. Aparece o chão, uso excessivo da borracha devido à preocupação e o medo ao representar bem. A escolha da cor passa a ser importante.
Quarto movimento - Ação = Pesquisa = Exercício = Interação = Símbolo = Organização = Regra = Poética = Pessoal
“Na produção artística–estética, contracenam, em oposição ou em alternância, o prazer de manejar e explorar, a ótica pessoal de ver – pensar – sentir o mundo, a procura de um estilo pessoal, mesclando estratégias pessoais com gramáticas culturais, construindo sua poética; ou o medo de se expor, a preferência pela repetição de formas conquistadas, a busca de modelos, o sentimento de incompetência, a obediência ou abandono de tarefas sem significado.”
Quanto a preferências, crianças menores de 6 anos preferem desenhar a figura humana. As meninas optam por crianças (fitas nos cabelos, bolsas) e os meninos por adultos (calças compridas, chapéu). De 6 a 12 anos, desenham mais casas. A partir dos 13 anos, meninas desenham casas e meninos a figura humana. Nos desenhos as meninas mostram preferências por coisas domésticas (mesa, toalha, xícaras) e os meninos por objetos mecânicos (carros, revolveres).
Nos desenhos infantis são quase inexistentes representações da natureza, aparecendo mais temas referentes à vida social (casas, carros, objetos diversos).
Quando a criança é bem nova representa a figura humana toda de frente. A primeira parte a ser desenhada de lado são os pés. Então, surge uma tentativa de fazer a cabeçla de perfil, desenhando o nariz de lado, apesar de muitas vezes a boca estar de frente e aparecerem as duas orelhas.
Embora a nomenclatura seja variada, percebe-se que os autores não se contradizem quanto à definição do desenvolvimento do processo de formação de desenho.
Visto que o mesmo retrata a visão de mundo da criança, é uma ótima ferramenta para compreendê-lo e diagnosticar seus saberes. Através dele podemos perceber interesses, anseios, preferências, conflitos e até avaliar fases de desenvolvimento e inteligência.
No entanto, analisá-lo fora do contexto em que foi criado perde seu valor.
E o papel do professor neste processo é o de motivador. Crianças motivadas e com estima elevada tem menos medo de experenciar, experenciam mais e consequentemente, constroem mais aprendizagens.
Quanto ao estudo sobre métodos de alfabetização, minha proposição é rever as metodologias, então, mãos-a-obra:
Soletração – ensinar a combinação de letra e som. Associação de estímulos visuais e auditivos.
Silabação – apresentação inicial das vogais, seguida das famílias silábicas.
Métodos fônicos – ensinar o aluno a produzir oralmente os sons das letras e uni-los.
Método Abelhinha – apresentação de histórias com personagens associados a letras e sons.
A casinha feliz – apresentação das letras como personagens de histórias. Uso de fantoches simbolizando as letras.
Método de contos – apresentação de história completa, desemembramento em frases para pré-leitura, reconhecimento de palavras.
Método ideovisual de Decroly – Apresentação de frases para reconhecimento da forma, desenho e imagem. Distinção de palavras por semelhança e diferença, após sílabas e letras.
Método Natural Freinet – produção de texto livre, eleição de um para reprodução e estudo do mesmo.
Metodologia Psicolingüística – parte-se do conhecimento que a criança tem da língua oral e valoriza-se a produção oral da mesma na escolha da produção escrita.
Etapas de uma unidade – criação de unidade de estudo, seleção de frases e palavras-chave, escrita das mesmas no quadro, leitura natural das mesmas, análise das frases, reconhecimento de palavras, análise de semelhanças e diferenças, formação de palavras novas e produção oral e escrita.
Palavras-chave – destaque de palavras-chave de frase ou texto e uso das mesmas para o ensino das primeiras letras. Desembramento das palavras destacadas e uso de suas sílabas para a formação de novas.
Método Paulo Freire – uso de palavras geradoras escolhidas do universo adulto para construção de palavras novas.
Para encerrar tomo as palavras de Emília Ferreiro “"Uma das coisas que sabemos hoje em dia com a maior clareza é que a correção ortográfica fora de tempo pode inibir a língua escrita. Eu não estou dizendo que a escola deva ignorar o erro ortográfico, apenas que deve saber qual o momento certo para fazê-lo, sem criar inibições. Porque eu me nego a chamar de alfabetizada uma criança que produz apenas estereótipos, ainda que seu texto não tenha erros ortográficos".
domingo, 22 de junho de 2008
A IMPORTÂNCIA NOS ESTUDOS SOCIAIS NO CURRÍCULO ESCOLAR
Um estudo voltado para uma metodologia tomada de figuras heróicas e infalíveis pode resultar em cidadãos omissos, despidos da consciência do seu papel e responsabilidade sobre o que ocorre na sociedade, devido a supervalorização das ações da elite. No entanto, um estudo crítico, refletindo as contribuições de cada cultura, sem o favorecimento da visão do vencedor, pode formar um cidadão consciente das atrocidades, atos falhos, monopolismo e prepotência na tomada de decisões, demonstrando a importância de negar-se a submeter-se a passividade.
São os Estudos Sociais que auxiliarão o aluno a ajustar-se na sociedade, compreendendo o seu papel na mesma e os fatores que o levaram ao patamar em que está, contribuindo para o bem estar pessoal e coletivo, ajudando o aluno a despir-se de preconceitos, desenvolver o espírito crítico e compreender o universo de verdades e possibilidades do mundo.
Segundo Maria Aparecida Quadros Borges e Jezulino Lúcio Mendes Braga, a partir do Golpe de 1964 “A proposta metodológica tinha como pressuposto que os estudos sobre a sociedade deveriam estar vinculados aos estágios de desenvolvimento psicológico do aluno, devendo pois, partir do concreto ao abstrato em etapas sucessivas. Neste sentido, iniciava-se o estudo do mais próximo, a comunidade, ou o bairro, indo sucessivamente ao mais distante, o município, o estado, o país e o mundo”.
Apesar de num mundo de comunicação a longas distâncias e tele-conferências tornarem o outro lado do mundo concreto a olho nu, sou favorável a visão de partir-se da história da criança e do seu meio para o estudo das temáticas sociais. Mas o fato é que na prática, não importa o ponto de partida: mas a metodologia empregada e a atenção aos interesses da turma. Se a criança desde a Educação Infantil estuda a sua história e a teve efetivada com eficiência e por exemplo estamos com os meios de comunicação (instrumento benéfico e maléfico) a toda com Copa do Mundo ou Olimpíadas, não há como prender-se no estudo do bairro...há que se ultrapassar fronteiras.
O papel do professor é ter os olhos bem atentos para os interesses das crianças e os acontecimentos ao redor, auxiliando na compreensão das coisas como estão e na reflexão sobre o fato de poderem ser mantidas ou alteradas, atentando para os fatores que determinam isso.
Há um velho bordão que diz que “Quem não conhece sua História não sabe para onde vai”, porque foi ela que nos trouxe o que temos aqui.
Já a função da Geografia é resultar no entendimento da disposição dos espaços, das relações, desigualdades e contradições de nossa sociedade, noções que a criança já tem e devem ser reconhecidas e aprofundadas.
Mas o fundamento de cada disciplina está no reconhecimento por parte do professor da sua importância e da busca por parte do mesmo de estudá-la de forma crítica, desapegada das verdades do professor e de forma construtiva e reflexiva, longe de uma prática bancária, formadora de alunos passivos.
É necessário desafiar a criança, motivá-la a fazer relações com suas vivências, a questionar suas verdades ( e as nossas), reconhecendo a aplicabilidade dos saberes escolares.
Bibliografia:
http://64.233.169.104/search?q=cache:fnVja2ATbe0J:www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp%3Fid%3D14038+import%C3%A2ncia+de+estudos+sociais&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1&gl=br
http://64.233.169.104/search?q=cache:5pHjSXBmPRcJ:www.unilestemg.br/revistaonline/volumes/01/downloads/artigo_09.doc+estudos+sociais+nas+s%C3%A9ries+iniciais&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=12&gl=br
sábado, 24 de maio de 2008
Estudo sobre sombras
Achei fantástico descobrir que o conceito d sombra para as criançs não é algo tão óbvio assim. Encontrei uma publicação de um trabalho cuja proposta era de fazer uma investigação sobre como os alunos resolveriam o problema de fazr com objetos de formas diferentes, sombras iguais (http://64.233.169.104/search?q=cache:5s6v3cvEgvgJ:www.fsc.ufsc.br/ccef/port/12-1/artpdf/a1.pdf+texto+atividade+sombra&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=3&gl=br)
Descobri a partir da leitura que estudos de Piaget fundamentam que até os cinco anos a criança pensa que a sombra sai do objeto, que ela vem da noite, das árvores ou do canto do quarto. Com 6, 7 anos, pensam que é uma substância que sai do objeto (olha que coisa fantástica!). Aos 8 anos, compreendem que sombra deve-se à falta da luz, mas continuam a entendê-la como emanação. Aos 9 anos, negam a existência de sombra à noite ou sem luz, a sombra se torna ausência de luz. GUesne interroga alunos de 13, 14 anos, que entendem sombra como reflexo (considerando semelhança da sombra e forma do objeto), mas confundem a luz com seus efeitos, dizendo que sombra é uma luz mais escura. Descobri também que o primeiro nível de ação de uma criança sobre um objeto é para conhecê-lo e entender como funciona. Daí a importância do manuseio livre antes das atividades.
Com a família, não fiz grandes descobertas...assim como as crianças, apesar de saber que conforme a localização da luz, formar-se-iam novas sombras, acredite, não tinha concebido sombras diferentes das formas geométricas.
Lendo o resultado da pesquisa com aquelas crianças de 8 a 10 anos, descobri como tornar a sombra do quadrado grande e do pequeno iguais a do retângulo. (Como sou pateta! Não me ocorreu isso. Nem a família...) Mas não me conformo, que assim como a turma da pesquisa, não consegui fazer o quadrado pequeno e o círculo grande terem sombras iguais....COMO?
Ah, e que tal descobrir que duas sombras se atraem, deformando para isso uma delas? E sabe por quê? Porque os raios do sol não são paralelos, fazendo com que as bordas não sejam bem definidas... Para saber mais, leia...
http://64.233.169.104/search?q=cache:4VPlCP15rK8J:www.if.ufrgs.br/~lang/Sombras.pdf+texto+atividade+sombra&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=18&gl=br
E alguém descubra uma forma de contar ao cérebro que a sombra não faz parte do nosso corpo! Leia o último site indicado. É de rir...
Retomando...Sites muito bons!
As atividades de conhecimento físico: um exemplo relativo à sombra:
http://64.233.169.104/search?q=cache:5s6v3cvEgvgJ:www.fsc.ufsc.br/ccef/port/12-1/artpdf/a1.pdf+texto+atividade+sombra&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=3&gl=br
Leitura de fábulas com sombras de cenários e personagens:
http://64.233.169.104/search?q=cache:8OWJG8Y74LAJ:www.centrorefeducacional.com.br/lefabul.htm+texto+atividade+sombra&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=11&gl=br
A atração entre as sombras:
http://64.233.169.104/search?q=cache:4VPlCP15rK8J:www.if.ufrgs.br/~lang/Sombras.pdf+texto+atividade+sombra&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=18&gl=br
Seu corpo acha que sua sombra faz parte dele:
http://64.233.169.104/search?q=cache:BslaHRKkGNgJ:www.saudeemmovimento.com.br/reportagem/noticia_exibe.asp%3Fcod_noticia%3D1301+texto+atividade+sombra&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=63&gl=br
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Planejamento – Mapa Estrutural
PLANEJAMENTO | |
Conhecimentos Objetivos Concepções
Prévios infantis
Conteúdos Conhecimentos
Históricos
Hipóteses
Atividades didático-pedagógicas
Problematizações |
AVALIAÇÃO
SONHOS ESCOLHAS
Planejamento – Mapa Estrutural
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Conhecimentos Objetivos Concepções
Prévios infantis
Conteúdos Conhecimentos
Históricos
Hipóteses
Atividades didático-pedagógicas
Problematizações |
AVALIAÇÃO
SONHOS ESCOLHAS
Aceitei o desafio: quem é Mnemosyne?
Mnemosyne
Data de nascimento: Grécia Antiga
Filiação: Urano e Gaia (Céu e Terra)
Irmãos: Chronos e Okeanos (Tempo e Oceano)
Características: Deusa da memória
Ela teve de Zeus as Noves Musas:
* Clio (a quem confere fama) era a musa da História.
*Euterpe (a que dá júbilo) era a musa da poesia lírica.
* Tália (a festiva) era a musa da comédia.
* Melpômene (a cantora) era a musa da tragédia.
* Terpsícore (a que adora dançar) era a musa da dança.
* Érato (a que desperta desejo) era a musa do verso erótico.
* Polímnia (a de muitos hinos) era a musa dos hinos sagrados e da narração de histórias
* Urânia (celeste) era a musa da astronomia.
Calíope (bela voz), a primeira entre as irmãs, era a musa da eloqüência.
O poço de Mnemosyne fazia os mortos, que dele bebiam, relembrar suas vidas, o oposto do poço de Lethe, que os fazia esquecer.
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Estudos Sociais - Teoria e prática
Por isso desejo ir publicando as leituras dos capítulos de "Estudos Sociais - teoria e prática" de Aracy Antunes, Heloisa Menandro e Tomoko Paganelli.
Capítulo 1 – Os grupos sociais
Lendo o material de Estudos Sociais fazendo referência ao fato de sempre pertencermos a um grupo e levarmos marcas da vida social que levamos, lembrei-me dos textos de psicologia que falam sobre o homem ser fruto do meio e os debates que estas afirmações causam.
Fiquei pensando o quanto deve ser difícil a um pré-adolescente e a um adolescente,q eu buscam grupos para adquirirem auto-afirmação, conscientizarem-se de que pertence a um grupo, mas devem manter a sua individualidade no grupo, indo não somente ao encontro, mas por vezes agindo de forma contrária às idéias do grupo.
Aderimos a um grupo por três motivos: interesses comuns, objetivos comuns e atividades afins.
Consequentemente, pertencemos a diversos grupos e há uma hierarquia dentre eles conforme nossas prioridades.
Achei fantástica a proposta de trabalhar a criação de regras e normas a partir do estudo dos grupos, observando-os, definindo quem participa deles, que tipo de normas seguem.
Capítulo 2 – A socialização da criança
Sempre acreditei que a auto-estima tinha relação direta com o rendimento escolar e nesse capítulo afirma-se que o bloqueio das relações sociais e afetivas na família ou na escola pode conduzir ao bloqueio cognitivo.
Cheguei a achar engraçado ao ler a afirmação dos autores de que apesar da socialização ser um objetivo em toda escola, a realidade da maioria são auditórios de individualidades isoladas, com crianças sentadas enfileiradas.
Eu não sei trabalhar em grupos. Estudante de uma escola elitizada, sempre sobrei. Por auto-defesa, aprendi a me fechar e tenho facilidade de trabalhar sozinha.
Interessante perpassar as fases de socialização da criança:
• Anomia –primeiros anos de vida. Ainda não conhece as regras do mundo adulto e não repete a trangressão das mesmas por ter sofrido sanção, agindo por reflexo condicionado, não por compreensão da proibição.
• Heteronomia – séries inicias da escolarização. A criança é coagida a seguir as regras, mas ainda não as compreende e assimlia. Segue-as por formação de hábitos, conselhos, observação,l imitação ou por castigo, sanção. A criança sabe quando infringiu as regras e tenta esconder a infração para não sofrer a repressão, processo natural que deve ser combatido através do debate das regras do grupo. Seria incorreto o professor agir de forma autoritária. O fundamental não é dizer “não”, mas explicar “por que não”.
• Autonomia: reconhece as regras e não precisa ser obrigada a cumpri-las. Responde perante o grupo e assumi os riscos e conseqüências dos seus atos. Relaciona-se considerando o respeito mútuo.
O que mais chamou-me a atenção foi a contradição com um pensamento que eu tinha, reforçando a necessidade do estudo e o conhecimento da teoria para a boa prática. Antes da leitura deste texto, via como mau caratismo a criança tentar esconder uma infração. Aprendi que é um processo natural e que devo auxiliá-los a compreenderem a importância das regras na manutenção dos direitos de todos e auxiliá-los a se apropriarem das regras dos grupos dos quais são integrantes.
Ser repressivo e autoritário gera homens rebeldes ou passivos, não cidadãos conscientes de seu papel. Então sugere-se ao professor criar regras conjuntamente, fixá-las na sala,avaliá-las e por votação alterá-las e distribuir semanalmente pequenas tarefas a uma equipe.
É participando da criação de regras do seu grupo e observando as regras de grupo dosm quais pertença, que a criança compreenderá o seu papel em cada um deles.
Do acaso à intenção em Estudos Sociais
É indiscutível a importância do planejamento visando uma proveitosa prática pedagógica. Já dizem os ditos populares, que quem não sabe para onde vai, não chega a lugar algum. Ter ciência do tipo de conhecimento e consciência que se prentende gerar em nossos alunos é ponto de partida para o estudo de qualquer temática. Sujeitar-se a uma relação de conteúdos programáticos sem refleti-los e ponderar sobre eles é exonerar-se da responsabilidade dos conhecimentos e pensamentos gerados através dos mesmos.
Segundo Maria Aparecida Bergamaschi, “Madalena Freire (1997) enfatiza que, ao planejar, deve-se sonhar e é nesse instrumento chamado planejamento que professores e professoras podem colocar o sonho das aprendizagens que desejam para o grupo de alunos e alunas com que atuam, materializando, no plano de trabalho, suas intenções. Um sonho que joga o olhar para frente, para ações que imagina necessárias, ao vislumbrar situações que precisam ser transformadas pela atuação cidadã dos alunos e alunas. “
É fundamental conhecer o passado, para entender o presente e construir o futuro, não incorrendo nos mesmos erros. Mas planejar deve ser um ponto de partida e um elemento norteador, não um roteiro pré-fixado inquestionável e livre de ajustes.
Não tenho muitas lembranças de vivências escolares. Mas recordo-me de cada passeio ao sítio da escola e a praças e as aventuras ocasionadas pelos mesmos. Prova, de que é a prática que se eterniza. Assim como também recordo de um esforço imenso em despertar o civismo e de uma galeria de fotos heróis que conheci no Ensino Fundamental e que no Ensino Médio me incitaram a questionar, rfato que me remete a um certo preconceito de professores de área frente aos do Currículo. Mas foi somente no Ensino Médio qwue tive acesso a museus.
Engraçado, me lembro de odiosas bolas (aliás, minúsculas e onfinitas bolinhas) de crepon para serem utilizadas para preencher uma enorme e estúpida folha de ofício com a bela Bandeira do RS. Mas sus histórias e mistérios de seus símbolos não me foram apresentados.
As lembranças das séries finais são de uma pesquisa sobre o plebiscito e de4 um professor que não lia os trabalhos (acredite, os diabólicos o testaram), mas dava notas pela quantidade de folhas redigidas, sem questionar muito o conteúdo.
Como aluna percebi e como estudante de Magistério reafirmei que é a curiosidade em desvendar algo interessante e o interesse de dar sentido ou importância às minhas vivências que estimulam e impulsionam a aprendizagem. Lembro-me de uma professora que nos dizia no Magistério que se havíamos pedido um material de observação ou matéria-prima e os alunos não trouxeram é porque não soubemos envolvê-los.
Quanto à interdisciplinariedade e a agregação de conteúdos, recordo-me do meu período de estágio de Magistério, onde um dia entrando na sala de aula, um dos meus alunos disse “Ah, não. Água de novo?”. Há que se saber a hora de parar ou ser motivador a ponto de tornar significativo a permanência numa temática. Eu não soube.
Além de partir da prática dos alunos, considerando, refletindo e provocando a reavalição dos seus conceitos, é fundamental ultrapassar o senso comum e aprofundar o estudo, resultando em novos conhecimentos.
Quanto ao que se deve ensinar em estudos sociais, acredito que deve-se estudar a história da criança, da família e a realidade da comunidade onde a escola está inserida e a partir dela seguir em direção a demais acontecimentos da Cidade, do estado, do país. O mais difícil é desenvolver a noção de temporalidade e para isso só auxiliando a criança a compreender o ciclo vital.
Minha filha de 2 anos levou fotos de quando era recém nascida para a creche onde estuda, para iniciarem um estudo sobre a história de vida deles. Sabendo que ela não tem abstração, mandei uma foto onde ela parece comigo e com o pai, para que tenha mais facilidade de assimilar que o nenê da foto é ela. Mas confesso que subestimei sua capacidade de abstração, pois ela ao ver no hospital a logomarca do meu trabalho num cartaz, apontou dizendo “Trabalhinho da mamãe”.
X Congresso Internacional de Cidades Educadoras
Tive o privilégio de participar de 24 a 26 de abril de 2008, do X Congresso Internacional de Cidades Educadoras, em São Paulo, do qual se fizeram presentes 756 pessoas de mais de 60 cidades do mundo.
O Congresso foi um grande evento realizado pela Prefeitura de São Paulo e a AICE - Associação Internacional de Cidades Educadoras, cuja presidência encontra-se em Barcelona, na Espanha.
Com painelistas de Portugal, México, França, Espanha e Brasil, pude perceber o quanto a educação deixou de ser uma obrigação do Estado, para tornar-se um compromisso de todo cidadão.
Firmando contatos em busca de trocar experiências em diversas partes do mundo, descobri que de Portugal, por exemplo, vieram uma secretária de educação, uma liderança de ONG e dentre outros tantos, o que mais me chamou a atenção: um bombeiro.
No Congresso trabalhou-se muito a necessidade de construirem-se redes sociais e reforcei meu pensamento de que a educação é a base de tudo.
Tendo acesso a projetos de várias partes do mundo, percebi um esforço em despertar a consciência ambiental, em ofertar atividades no contra-turno escolar e de promover ações de cidadania.
Fiquei encantada ao ser entrevistada por adolescentes do Projeto Imprensa Jovem do governo de SP. Trata-se de um projeto com radialistas e jornalistas mirins que acompanham grandes eventos paulistas, com gravadores, máquinas fotográficas, etc.
Encantei-me também no setor pôsteres, onde Sapiranga não perderia pra ninguém com seus projetos formidáveis...
E conheci tantos outros interessantes...
Por exemplo, o Jovem Empreendedor, projeto no qual os alunos no contra-turno produzem produtos e os vendem. Fantástico!
Voltei de lá com um mega livro cheio de projetos desenvolvidos no mundo todo, que assim que voltar às minhas mãos, desejo ler de cabo a rabo...visto que eram muitas salas com muitos projetos e não havia como ter acesso a mais de uma, na mesma hora, claro.
Acho que seria bacana a UFRGS reproduzir uma cópia para disponibilizar na universidade. Acreditem: foi um grande congresso! E o material é riquíssimo!
Para saber mais, visite o site:
http://dnanet.dna.com.br/aice/site/default.asp
Projeto de aprendizagem
Escolhi outra temática, mas estou tendo um mpouco de dificuldades em encontrar exatamente meu objeto de estudos desta temática: interpretação do desenho infantil.
Já li bastante resenhas e reportanges referentes à gradativa evolução do desenho infantil. Descobri que inicialmente, visto que somente considerava-se o aspecto estético, haviam estudos sobre os erros e imperfeições do desenho infantil.É no final do século XIX, após as descobertas de Jean Jacques Rousseau sobre a forma singular da criança pensar que iniciam os pimeiros estudos sobre as fases do desenho infantil. Estou descobrindo as teorias de Luquet, Marthe Berson e relendo Piaget. Mas além do imprescindível teor científico sobre o desenvolvimento, desejo encontrar no desenho mais um mecanismo para conhecer meu aluno, compreender a realidade dele, mas principalmente, utilizar como um sinalizador para perceber como as coisas na vida dele estão.
domingo, 20 de abril de 2008
Estudos de classificação e seriação
Na visão de Piaget, o desenvolvimento cognitivo dá-se a partir da interação do sujeito com o conhecimento. Além disso, cada criança que aprender algo, organizará a aprendizagem do seu jeito, considerando aprendizagens anteriores. Ela precisa vivenciar, precisa de tempo para assimilar o que vivenciou.
Já para Vygotsky, a inteligência surge a partir do encontro da prática com a palavra. Para aprender a criança precisa dar um signo à aprendizagem, falar sobre ela, para amadurecer através de reflexões e troca, suas aprendizagens.
Eis um ponto inicial de reflexão sobre atividades sobre classificação e seriação.
E falando disso, o que se entende de classificar e seriar?
Classificar é agrupar considerando semelhanças de objetos
Seriar é ordenar a partir da análise das diferenças dos objetos.
Bem, realizando as minhas leituras dei-me por conta da existência da seriação visual (onde apenas olhando a criança reconhece as diferenças) e da seriação tátil (onde ela necessita tocar o objeto para perceber as diferenças).
Retomando as leituras sobre as fases de desenvolvimento cognitivo de Piaget, percebi que o resultado de um dos testes com crianças do segundo estágio (pré-operacional, de 2 a 6 anos) evidenciou que crianças pequenas não são capazes de lidar com problemas de ordenação ou de seriação, sendo incapazes de dispor varas de diferentes tamanhos em ordem crescente. Teoria que constatei durante o curso do Magistério com diversos testes. É no estágio operatório-concreto (de 7 a 12 anos) que a crinça torna-se capaz de realizar essas atividades.
No site http://penta2.ufrgs.br/edu/debora/seriacao.htm, menciona-se o fato de que a seriação já está presente na vida da criança desde o período sensório-motor, quando o bebê começa a brincar com torres e encaixes No mesmo site encontra-se a rica classificação disposta a seguir:
“A criança ao alinhar os objetos evidencia um processo de evolução da seriação, a saber:
FASE IA - não há nenhum ensaio de ordenação dos elementos (+ - 4 anos);
FASE IB - inicia a realizar pequenas séries incoordenadas dos elementos (+ - 5 anos);
FASE II- êxito na intercalação dos elementos, por tentativas (+ - 6 anos);
FASE III - êxito através da utilização do método sistemático- seriação operacional (+ - 7/8 anos).”
Já da classificação a criança começa a apropriar-se à medida que doina a fala, quando vai conhecendo os objetos, processo que não é simples. Minha filha de 2 anos chama tudo que tem quatro patas de “au au”. Após ver um passarinho, passou a chamar as aves de “piu piu”. Um dia, vendo um lagarto ela gritava “piu piu au au”. Risos. Mas ela soube clssificar e percebeu que aquele bicho não tinha semelhança com os outros e deveria por isso ter um nome diferente.
Concordando com a idéia de Zoltan Paul Dienes, gosto de deixar as crianças manusearem e brincarem livremente com os brinquedos para somente depois inlcuir regras. Utilizar blocos lógicos sob regras sem deixar as crianças antes explorarem, brincarem e descobrirem estas peças, não seria boa idéia.
Para concluir gostaria de registrar o interesse em conhecer o software "Fábrica Fantástica" e encerrar com uma citação extraída das Diretrizes da Educação Matemática das escolas públicas do Paraná "Embora ninguém tenha a obrigação de gostar de Matemática, nem de querer, todos têm o direito a uma educação matemática que lhes permita trabalhar em profissões que fazem uso intensivo de Matemática, assim como têm direito a uma educação matemática que lhes permita serem autores em sua vida social, e não apenas atores ou espectadores.”
Sites sugeridos e muito bons!
1. Etapas da seriação:
http://penta2.ufrgs.br/edu/debora/seriacao.htm
2. Conceitos matemáticos:
http://72.14.205.104/search?q=cache:g2GQoMK9Ux4J:www.cidadedoconhecimento.org.br/cidadedoconhecimento/index.php%3Fportal%3D480%26con%3Dp+classifica%C3%A7%C3%A3o+e+seria%C3%A7%C3%A3o&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1&gl=br
3. Reflexão sobre Educação Matemática e criação das Diretrizes para o Ensino desta Disciplina no Estado do Paraná:
http://72.14.205.104/search?q=cache:YDqN8KtN_FwJ:www8.pr.gov.br/portals/portal/diretrizes/dir_ef_matematica.pdf+classifica%C3%A7%C3%A3o+e+seria%C3%A7%C3%A3o&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=8&gl=br
4. Mini-dicionário de Matemática elementar:
http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/fundam/diciomat/diciomat.htm
5. Construção de critérios de classificação pelas crianças (Excelente!):
http://www.veronicaweb.com.br/download/textoCLASSIF.pdf
6. Matemática na Educação Infantil:
http://72.14.205.104/search?q=cache:mivwG5cAgjwJ:www.icpg.com.br/hp/revista/download.exec.php%3Frpa_chave%3D0291cd6d726e8b4adbd6+classifica%C3%A7%C3%A3o+e+seria%C3%A7%C3%A3o&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=25&gl=br
Repensando o ensino de Ciências a partir de novas histórias da ciência
Repensando o ensino de Ciências a partir de novas histórias da ciência
Russel Teresinha Dutra da Rosa
Podemos procurar, na história, representações alternativas às explicações científicas válidas atualmente e, assim, tomarmo-nos atentos para formas alternativas de pensamento de nossos alunos
teorias
científicas também permite aos professores e aos estudantes manipular alguns dos
instrumentos do processo de produção de conhecimentos, tais como: construir
problemas de investigação; criar explicações hipotéticas; testar essas hipóteses;
buscar informações adicionais através de consulta a fontes bibliográficas; situar-se
em relação às novas informações; fazer previsões; criar situações experimentais;
observar regularidades e discrepâncias; descrever fenômenos naturais; comparar os
dados observados com os dados da literatura; coordenar conceitos de diferentes
disciplinas; integrar diferentes informações; escolher critérios de classificação;
tomar decisões; justificar; construir relações entre fatos, fenômenos e leituras;
construir ou completar modelos e esquemas explicativos; emitir opiniões;
confrontar-se com outras opiniões; divulgar conhecimentos; encontrar argumentos
para defender as próprias ideias; aplicar os novos conhecimentos a situações ou a
problemas novos, etc...
A descrição do tempo, do espaço e das condições político-sociais, em que
aparecem determinadas explicações científicas, nos permite não só entender com
maior profundidade a lógica daquelas visões de mundo, mas também refletir
sobre as condições sociais de produção das teorias contemporâneas. Por exemplo,
quando pensamos no sistema de classificação da natureza em reinos e classes, ainda
hoje válido, e nos reportamos para o período histórico de constituição dessa visão
de natureza, nos damos conta de que as sociedades estavam circunscritas e
separadas em reinos e classes sociais, serviam aos reinos e não podiam
abandonar seus reinos e classes de origem.
A história está repleta de
alternativas que não chegaram a se concretizar e que podem nos fazer repensar a
repetição de nosso presente (Santos, 1996).
Nesse sentido, é bom lembrar o que diz a historiadora da ciência Donna Haraway
(1995: 125): "Os fatos estão carregados de teoria e os valores estão carregados de
história." Essa pesquisadora, a partir de uma abordagem feminista e pósestruturalista,
fala de uma "produção científica fictícia da realidade", (p. 123),
demonstrando o caráter sexista e a separação hierárquica existente entre sujeito e
objeto de conhecimento no processo de produção de verdades científicas.
Face ao exposto, pensamos que algumas novas formas de contar a história da
ciência podem orientar a constituição de alternativas pedagógicas que tratem a
ciência como processo descontínuo de construção de conhecimentos e de verdades
sempre provisórias. Além disso, a uma visão de neutralidade e de verdade absoluta
da ciência, podemos contrapor uma visão de ciência como prática social, feita de
verdades provisórias, validadas pela comunidade científica e legitimadas por
segmentos interessados da sociedade. Assim, podemos desconstruir universalismos
e demonstrar a parcialidade dos conhecimentos produzidos em nossas sociedades.
(Tele)natureza e a construção do natural: um olhar sobre imagens de natureza na publicidade. Marise Basso Amaral
(Tele)natureza e a construção do natural: um olhar sobre imagens de natureza na publicidade. Marise Basso Amaral
Enquanto alguns consomem o mundo e dividem
sentimentos e experiências sem sair de casa, muitos transformam espaços urbanos
(praças, pontes, rodoviárias, edifícios abandonados, igrejas) em moradias provisórias
de papelão e madeira e morrem, na era do ciberspace, das cirurgias virtuais, dos
bebés de proveta, dos organismos transgênicos e dos clones, por falta de saneamento
básico.
Assim, a maneira como as coisas, os assuntos e os sujeitos são representados
e o modo como os mecanismos de representação atuam dentro de uma cultura,
acabam tendo um papel constitutivo, e não apenas reflexivo, na formação da
subjetividade, da identidade e da constituição da vida social e política
. O campo pedagógico extrapola os muros das
instituições formais de escolarização e passa a ser habitado por uma variedade de
instâncias culturais que produzem conhecimento, que moldam comportamentos,
que regulam identidades (de classe, de género, de raça).
novas políticas de dominação se estruturam? Que lugares de resistência se
apresentam? Estas perguntas remetem para o próprio redimensionamento do que
entendemos por cultura e por natureza. Acredito que um aprofundamento das
ideias de natureza, construídas pela cultura, auxiliariam na complexificação do
entendimento dos novos fenómenos que têm redefinido e reorganizado as representações
de natureza e cultura.
É importante, então, que os educadores dediquem atenção às políticas de
representação de natureza engendradas pelos meios de comunicação. A crise
ambiental em que estamos envolvidos não requer apenas soluções técnicas ou
epistemológicas, requer também o reconhecimento de que a construção de um
novo olhar e uma nova atitude em relação à natureza passa pela
discussão/desconstrução das representações hegemônicas de natureza construídas
em diferentes instâncias culturais, como a escola e a mídia, que continuam a nos
oferecer uma natureza objeto, uma natureza sujeita à exploração e dominação
humana em nome do desenvolvimento tecnológico e cultural de uma sociedade.
Assim, entender os processos de produção de representações de natureza, de
mulher, de negro, de trabalho , etc., como locais de disputa política, que envolvem
relações desiguais de poder, se torna importante para uma prática pedagógica crítica,
consciente dos seus limites e de suas possibilidades.
Ponderações Módulo 1 - Ciências
Carl Warner...fotos de paisagens a partir de alimentos...
...a naturalização do que comemos.
Como no momento não estou em sala de aula, resolvi buscar uma alternativa de tornar essa atividade interessante e divertida. Submeti pessoas de diversas idades, ao teste do desenho de representação.
Como já era de se esperar, por unanimidade, o mais difícil de representar foi o ácido, o átomo e o micróbio, por serem menos usuais e de certa forma “presentes”.
Observei desenhos de homens de 18 a 47 anos e de mulheres de 16 a 60 anos e a maioria representou a palavra “força” considerando a física, através de um desenho de um braço musculoso (cultura da masculinidade dominadora e potente). A palavra luz foi representada pela maioria utlizando o sol ( a estrela da vida). Quanto à árvore e coração, todos utilizaram a imagem culturalmente disseminada deles. Por unanimidade as estradas foram desenhadas vazias (sem pessoas, animais, árvores ou carros) e eram de pavimentação asfáltica, sugerindo o progresso. Curiosamente, todas eram subidas inclinadas para a direita. As células também ganharam a tradicional representação, tendo sido feitas como “um ovo frito”.
Fiquei impressionada a observar que diferentes faixas etárias, separadas por décadas, representaram da mesma forma palavras-chave. Após a leitura das bibliografias sugeridas, então, fiquei mais impressionada ainda.
Assisti numa oportunidade um filme político chamado “Mera coincidência”, onde num estúdio eram geradas imagens de uma guerra civil ilusória, para servir de campanha publicitária de um candidato a reeleição à presidência dos Estados Unidos. Sabemos que somos, mas não temos consciência do quanto somos manipulados pela mídia.
Há verdades absolutas tão intrinsecas em nosso dia-a-dia que passam despercebidas de nossa consciência. Que verdades, que cultura, que conhecimentos são esses que levam gerações de décadas diferentes a representarem pensamentos da mesma forma? Eu nunca questionei ou me dei por conta de que os reinos e classes nos reportem a uma formação de sociedade praticamente monárquica.
Sem perceber, ensinamos o fomentamos a dominação. A luz o que é? É o REI Sol.
Analisar os desenhos em conjunto, discutir o que representam, comparar as similaridades e diferenças, questionar o porquê daquela representação é um ponto de partida para um longo projeto. A partir das visões, debates e interpretações, pode-se iniciar um estudo sobre o mundo natural e a sociedade atual. Essa nossa visão deixou-me bastante motivada em iniciar um trabalho com essa área, que confesso, nunca havia explorado dessa forma.
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Avaliação do Eixo III
Existem aprendizagens que vocês só se deram conta durante essas duas etapas finais da avaliação? Quais foram essas aprendizagens?
Confesso que é muito chato gerar esses relatórios! Detesto. Dá um desespero...mas eles são imprescindíveis. Através deles repenso cada aprendizagem e percebo que retornarei à sala de aula com um prática muito mais qualificada e contundente. Até porque eles me servem como uma síntese de aprendizagem, que volto a ler.
Se não fossem eles, muito se perderia no processo. Repensar nossa prática, sermos forçados a apontar mudanças resulta em maior crescimento, firmeza de aprendizagens e consciência das assimilações.
Bem, mas a pauta não é essa.
Como escrevi acima, reforcei aprendizagens, mas confesso que na elaboração e preparação da apresentação oral não aprendi coisas novas. Repensei, voltei a refletir e reafirmei aprendizagens geradas e já registradas em meu portfólio.
Mas, aprendi coisas novas (e muitas!) ao assistir as apresentações das colegas e as intervenções dos professores.
A fala de uma colega (a Jéssica) não sai da minha mente. Ela, formada em Belas Artes, rebateu um pensamento antigo meu, de que seria fundamental antes da graduação todo educador cursar magistério para aprender a integrar conhecimentos, o que quem cursou esse Ensino Médio faz com facilidade. Inclusive me fez repensar a minha prática e a apresentação que eu tinha acabado de fazer. Ela disse que a gente fala tanto em interdisciplinariedade, que às vezes esquece que cada matéria tem conhecimentos específicos e acaba usando uma disciplina como ferramenta para a apendizagem de outras matérias. Eu fazia isso com Educação Artística.
Também tive acesso a projetos e atividades desenvolvidas pelas colegas com suas turmas, que me servirão como sugestão para a posteridade. A troca me foi muto mais válida que a minha reflexão solitária...
sábado, 22 de março de 2008
Apenas brincando
Apenas brincando
Anita Wadley
Quando estou construindo com blocos no quarto de brinquedos,
Por favor não diga que estou apenas brincando.
Porque enquanto brinco estou aprendendo
Sobre equilíbrio e formas.
Quando estou me fantasiando,
Arrumando a mesa e cuidando das bonecas,
Por favor não fique com a idéia que estou apenas brincando.
Porque enquanto brinco estou aprendendo.
Eu posso ser mãe ou pai algum dia .
Quando estou pintado até os cotovelos,
Ou de pé diante do cavalete, ou modelando argila,
Por favor não me deixe ouvir você dizer : ele está apenas brincando.
Porque enquanto brinco estou aprendendo.
Estou me expressando e criando.
Eu posso ser um artista ou um inventor algum dia.
Quando você me vê sentado numa cadeira
Lendo para uma platéia imaginária,
Por favor não ria e pense que eu estou apenas brincando.
Porque enquanto brinco estou aprendendo.
Eu posso ser um professor algum dia.
Quando você me vê procurando insetos nos arbustos,
Ou enchendo meus bolsos com todas as coisas que encontro,
Não jogue fora como se eu estivesse apenas brincando.
Porque enquanto brinco estou aprendendo.
Eu posso ser um cientista algum dia.
Quando estou entretido com um quebra-cabeça,
Ou com algum brinquedo na minha escola,
Por favor não sinta que é um tempo perdido com brincadeiras
Porque enquanto brinco estou aprendendo.
Estou aprendendo a me concentrar e resolver problemas.
Eu posso estar numa empresa algum dia.
Quando você me vê cozinhando ou experimentando alimentos,
Por favor não pense que , porque me divirto, é apenas uma brincadeira.
Eu estou aprendendo a seguir instruções e perceber diferenças.
Eu posso ser um “chef” algum dia.
Quando você me vê aprendendo a pular, saltar,
Correr e movimentar meu corpo,
Por favor não diga que estou apenas brincando.
Eu estou aprendendo como meu corpo funciona.
Eu posso ser um médico, enfermeiro ou um atleta algum dia.
Quando você me pergunta o que eu fiz na escola hoje,
E eu digo, eu brinquei.
Por favor não me entenda mal.
Porque enquanto eu brinco estou aprendendo.
Estou aprendendo a ter prazer e ser bem sucedido no trabalho.
Eu estou me preparando para amanhã.
Hoje, eu sou uma criança e meu trabalho é brincar.
2008 chegou!
Com que alegria retomo em 2008 as postagens do meu Blog e mais um semestre de estudos!
Chegamos ao início da 4ª etapa, num total de 9 e numa visão absurdamente otimista já começamos a sonhar com a formatura. Mas ainda há muito que trilhar e aprender. Aliás, o que aprender, haverá sempre. É uma eterna corrida contra o tempo e o esgotamento.
Pra você que me visita de vez em quando e não é estudante da UFRGS, informo que neste semestre você encontrará postagens referentes às seguintes disciplinas do Curso de Pedagogia à Distância:
* Representação do Mundo pela Matemática;
* Representação do Mundo pelas Ciências Naturais;
* Representação do Mundo pelos Estudos Sociais;
* Seminário Integrador IV.
Postagens de comentários, críticas construtivas e sugestões são muito bem-vindas!
Forte abraço, Kelli Mattes
Ah, e pra encerrar essa primeira postagem
Desejo que nessa Páscoa possamos todos renovar as nossas vidas sem dar descanso ou trégua para os nossos sonhos!